Como implementar e recuperar backups PITR no PostgreSQL

Como implementar e recuperar backups PITR no PostgreSQL

 

Neste artigo você aprenderá:

  • como implementar um simples sistema de replicação através dos xlog.
  • como recuperar o seu banco PostgreSQL em qualquer ponto no tempo.

Sobre backups PITR

Quando o seu banco de dados perde informações, devido a ocorrência de um problema ou remoção por engano, é importante recuperar estes dados exatamente como eram antes do desastre. Se utilizado o Dump (cópias full), tradicional método de backup, haverá um período sem dados copiados, entre um backup e outro.

O PITR, ou Point-in-time recovery, preenche essa lacuna. Permite fazer com sucesso, cópias automáticas de cada transição realizada, ou seja, dos arquivos transacionais WAL. Possibilita também recuperar dados gravados em qualquer ponto do tempo, segundos, minutos, horas, dias, até mesmo, semanas atrás. O tempo retroativo do backup dependerá do período em que as transições copiadas serão mantidas, período de retenção do PITR.

Arquivos transacionais WAL?

Cada transação realizada no PostgreSQL, antes de ser inserida na memória RAM, primeiramente é escrita em logs de transação chamados: “arquivos WAL”. Posteriormente, as transações serão gravadas em disco. Estes arquivos WAL, por padrão, ocupam 16MB de espaço e, para fins de replicação, serão neste exemplo, transferidos para um diretório acessível pelo backup binário.

Prepare o ambiente de teste

1. Criaremos um cluster PostgreSQL através do utilitário initdb em um diretório vazio. Execute os comandos:

[postgres@localhost ~]$ mkdir teste
[postgres@localhost ~]$ /usr/lib/postgresql/9.6/bin/initdb -D teste
[postgres@localhost ~]$ /usr/lib/postgresql/9.6/bin/pg_ctl -D teste -l teste/teste.log start

2. No arquivo de configuração do PostgreSQL (teste/postgresql.conf), altere a variável archive_mode para on:

# Arquivo teste/postgresql.conf
archive mode = on

3. Em seguida, configure a variável archive_command que indica como e onde os arquivos WALs serão armazenados:

# Arquivo teste/postgresql.conf
archive_command = 'rsync %p diretorio_destino/%f'

A variável %p simboliza o arquivo de origem e não requer o caminho. Já %f, representa o arquivo de origem, precedido pelo diretório de nossa escolha. Em ambiente de produção, o ideal é armazenar estes arquivos em hardware diferente do servidor PostgreSQL principal onde os arquivos são gerados.

4. Altere o parâmetro seguinte:

 # Arquivo teste/postgresql.conf
wal_level = archive 

Este último parâmetro altera a estrutura do arquivo WAL que será consumido pelo backup.

5. Para que as alterações sejam aplicadas é necessário reiniciar o servidor.

[postgres@localhost ~]$ /usr/lib/postgresql/9.6/bin/pg_ctl -D teste -l teste/teste.log restart

6. A fim de testar os arquivos WAL, podemos gerar uma tabela com números sequenciais através do seguinte comando:

[postgres@localhost ~]$ psql
teste=# CREATE TABLE t_test AS SELECT * FROM generate_series(1, 1000000);

Este comando deve gerar um número razoável de arquivos WAL. Ao acessar o diretório de destino, você poderá visualizar um grande numero destes arquivos, todos com 16MB de tamanho.

Ative o backup PITR

A partir da versão 9.1 do PostgreSQL, fazemos backups binários de nosso cluster através do comando pg_basebackup. Para tal, é necessário um usuário com permissão de replicação, por padrão, o usuário postgres já possui essa permissão. É preciso habilitar a conexão deste usuário no arquivo pg_hba.conf.

7. Veja uma configuração válida para fins de replicação:

#Arquivo: teste/pg_hba.conf
#TYPE DATABASE USER  ADDRESS METHOD
host         replication  postgres 192.168.0.1/24  md5
host         replication  postgres localhost       md5

Com esta configuração, serão aceitas conexões de IPs que comecem com 192.168.0.*, como também a partir do localhost.
Habilite essa configuração de acordo com as suas necessidades, atentando-se sempre à segurança do seu sistema.

Após alterar o arquivo pg_hba.conf, carregamos as mudanças no psql através deste comando:

[postgres@localhost ~]$ psql
teste=# SELECT pg_reload_conf();

Execute o backup

Somente então podemos executar o pg_basebackup.

9. Utilizando o usuário “postgres”, geramos um backup binário de nosso cluster através do seguinte comando:

[postgres@localhost ~]$ /usr/lib/postgresql/9.6/bin/pg_basebackup -D <diretorio_backup> -h <host>

Atenção:

<diretorio_backup> especifica onde os dados do cluster serão armazenados. Em nosso exemplo de aplicação, nomeamos o diretório de armazenamento como backup.

<host> é o endereço a ser conectado pelo pg_basebackup

Recupere um backup

Em PostgreSQL, todo o processo de recuperação de dados é realizado através do arquivo recovery.conf, que deve residir no diretório principal do backup, neste exemplo, o diretório backup.
Este arquivo é lido assim que iniciamos o banco, indicando qual diretório será utilizado para que o backup se alimente dos arquivos WAL. Especifica também, até que ponto no tempo, esse abastecimento acontecerá.

10. Uma simples configuração para este arquivo pode ser a seguinte:


# Arquivo: backup/recovery.conf
restore_command = 'rsync diretorio_destino/%f %p'
recovery_target_time = '2018-03-06 13:43:12'

O restore_command constitui a contraparte do archive_command visto anteriormente. Este comando é executado para cada arquivo necessário na restauração do backup.

A opção recovery_target_time , indica até que ponto desejamos realizar o nosso replay. Por exemplo: caso tenhamos acidentalmente deletado uma tabela no dia 20 de março, às 22:00 horas, basta informar a este arquivo que desejamos restaurar o banco no dia 20 de março, às 21:59.

11. É sempre desejável limpar o diretório contendo logs de transação assim que estes sejam devidamente consumidos pelo backup. Opcionalmente, configuramos esse comportamento através do parâmetro archive_cleanup_command.

# Arquivo: backup/recovery.conf
archive_cleanup_command = '/usr/lib/postgresql/9.6/bin/pg_archivecleanup diretorio_destino %r'

12. É necessário alterar a permissão do diretório contendo o backup para 700 através do comando a seguir. Caso contrário, será emitido um erro pelo PostgreSQL.

sudo chmod 700 <strong><diretorio_backup></strong>

Dado que estamos realizando o teste na mesma máquina, recomenda-se configurar o backup para execução em uma porta diferente da porta padrão (5432).

13. Neste exemplo, modificamos o arquivo backup/postgresql.conf para subir o backup na porta 5433:

# Arquivo backup/postgresql.conf
port = 5433

INICIANDO O CLUSTER

14. Depois destas configurações, só nos resta iniciar o cluster no diretório backup. Este se alimentará de todos os arquivos WAL, atingindo um estado consistente, pronto para leitura e escrita.

[postgres@localhost ~]$ /usr/lib/postgresql/9.6/bin/pg_ctl -D backup -l backup/backup.log start

O log do banco será armazenado no arquivo backup/backup.log

Observe que após a reconstrução do cluster, o mesmo atinge um ponto de consistência, podendo aceitar leituras e escritas.

A partir deste ponto, o banco de dados gera uma timeline diferente, daquela do cluster de origem, impossibilitando realimentar o mesmo cluster com arquivos WAL gerados pelo cluster teste.

É válido notar que, após a inicialização do banco, o arquivo recovery.conf é renomeado para recovery.done, indicando a restauração do cluster.

 

Até o próximo artigo.

 

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Arlindo Neto
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Arlindo Neto é administrador de banco de dados apaixonado por PostgreSQL. Cursa Ciência da Computação. Atua com foco em banco de dados open-source, possuindo 3 anos de experiência profissional em análise e engenharia de dados. Acumula experiência em projetos envolvendo PostgreSQL, MariaDB, MySQL e MongoDB. No momento vem atuando com Python, com ênfase em aplicações para Big Data. Possui expertise como professor, desenvolvendo e aplicando cursos sobre Linux e tecnologias Open Source, detém certificação EnterpriseDB PostgreSQL 9.6

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