Linux: 30 anos transformando o mundo da tecnologia e startups
Linux tem uma importância que vai além dos 30 anos do seu nascimento. 100% das Startups hoje no mundo bebem da fonte que o Linux proporcionou. Toda uma indústria foi obrigada à uma adequação, tendo inclusive que reconhecer que estava do lado errado da história.
30 anos atrás um jovem mudaria o mundo da tecnologia para sempre. Sem muito alarde, um jovem Finlandes de 21 anos, que estudava na Universidade de Helsinki, chamado Linus Torvalds, envia uma mensagem num grupo de discussão sobre sistemas operacionais. Eis a mensagem:
O começo da mensagem diz muito sobre a época e como a inovação ocorreria: “Estou criando um sistema operacional livre (apenas um hobby, não será grande ou algo profissional como GNU) para 386 (486) e seus clones… Gostaria de qualquer feedback das pessoas que gostam ou não gostam do Minix…”
Essa mensagem chamou a atenção, pela ousadia, de um professor que dava aulas de sistemas operacionais na Universidade. Quem leu o livro “Só Por Prazer – Linux Os Bastidores Da Sua Criação” viu como tudo isso foi criado e como pensava Linus Torvalds.
Uma das curiosidades contadas neste livro é que Linus Torvalds erroneamente acionou o HD que continha a partição do Windows como se fosse um Modem e deletou esta partição de seu HD. Segundo ele, isso foi o estopim para ele tomar coragem e passar a usar apenas a sua cria, ainda que quase sem nenhum recurso técnico como por exemplo o simples ato de salvar um arquivo.
Outra curiosidade – diz a lenda – é que o símbolo do Pinguim para o Linux, chamado TUX, seria um cruzamento de um Pinguim com o Patolino. Na época, a ideia surgiu pelo fato de, num zoológico, Linus tomar uma bicada de um pinguim com o qual tentou brincar.
30 anos atrás Linus Torvalds mudaria o mundo não apenas com a forma com que hoje Startups lançam seus produtos com base em muito experimento e feedback (Torvalds lançou a primeira versão de Linux com o número 0.01 e pediu muitos feedbacks), mas também com base em conectividade, colaboração e abertura de código.
O Linux rodava em computadores e equipamentos que outros sistemas operacionais jamais conseguiriam pela lógica do mercado da época. O mundo da Tecnologia era fechado. Era quase uma ofensa não ser fechado. A indústria questionava sobre continuidade, qualidade, profissionais e principalmente sobre segurança.
Com uma adoção em massa, todos estes questionamentos vieram por terra. O que a indústria da época precisava era manter seu market share. Adotar posturas abertas implicaria em adaptação na forma de gerar receita.
Nascia certificações em Linux como o LPI, , grandes indústrias como IBM (que investiu 1 bilhão de dólares no Linux em 2013), Dell e outras adotavam o sistema operacional e nascia também a Linux Foundation patrocinada pela nata da indústria de tecnologia do Vale do Silício. Surgiram diversos movimentos para ‘desbloquear’ a indústria proprietária dominante como o Open Document Format.
Surgia a possibilidade de jovens, defendendo o uso do Linux, defendendo a visão de código aberto, abrirem suas empresas. Foi assim com a 4Linux, foi assim com inúmeras outras empresas em diversos países no mundo. Os argumentos de defesa do uso do Linux e do Open Source eram divididos entre estas empresas e alguns se tornavam livros.
Irreverente por ter criado uma comédia teatral chamada “Tela Azul” (https://www.youtube.com/watch?v=BigTpbHmRoU ), a 4Linux foi convidada pela Cyclades (empresa brasileira que teve a ousadia de trocar o sistema operacional CyROS , embarcado em seus produtos, por Linux) para a escrita do primeiro capítulo do seu livro “Guia Linux de Conectividade”. Nele, a 4Linux comparou a importância da matemática ser aberta. Se a matemática fosse fechada, não saberíamos teorias importantes que hoje sabemos através de suas fórmulas, como teorema de Pitágoras, teoria do caos, a segunda lei da termodinâmica, etc. A Cyclades adotou Linux.
A aristocracia da indústria tecnológica da época, que foi importante para nós, foi obrigada a mudar, cedendo espaço para esse novo mundo. Estas indústrias tiveram que ou comprar tecnologias e empresas Open Source ou se adaptar rapidamente sua tecnologia para esse novo modelo. Uma das aquisições mais significativas foi a venda da RedHat para a IBM. Como num filme, o presidente da Red Hat torna-se presidente da IBM. Aliás, não faltaram filmes sobre histórias do Linux e do mundo Open Source: Revolution OS e The Code são dois deles.
Empresas arrojadas, professores engajados e influenciadores antenados fortaleceram no Brasil o uso do Linux no mercado, incomodando a indústria proprietária internacional. Bancos como a Caixa Econômica Federal adotou Linux e outras tecnologias Open Source. Suportada pela 4Linux, a Caixa Econômica Federal usa linux em terminais lotéricos e nos ATMs desde 2006 – com economia, estabilidade e segurança.
Recentemente o presidente da Microsoft, Brad Smith, declarou em entrevista que a companhia “estava do lado errado da história quando o software de código livre explodiu no início do século”.
Sem deixar de reconhecer a importância do GNU e das licenças a partir dele, o Linux foi maior que ele mesmo quando serve de exemplo para influenciar outras tecnologias que seguiram seu exemplo. A partir dele surgiram as tecnologias que usamos até hoje: GIT, Apache, Mozilla Firefox, Docker entre milhares de outros.
Os 30 anos do Linux permitiram outros tantos anos de outras tecnologias de forma a viabilizar tanto em tecnologia quanto economia e ganho de escala as inúmeras Startups hoje no mundo.
A 4Linux viveu o furacão da mudança que o Linux proporcionou. Éramos e somos apaixonados por tecnologia Open Source e tudo que ela nos proporcionou. As histórias pessoais de cada um que passou pela 4Linux são histórias que também outras pessoas de outros países viveram na mesma intensidade. Talvez sem uma intenção proposital, colaboramos uns com os outros para mudar o curso da história de TI a partir da criação de um jovem. Onde estará o próximo Linus Torvalds a mudar a história?
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