Como Migrar do VMware ESXi para o Proxmox VE: Guia Prático de Quem Já Fez
Migrar de uma solução consolidada como o VMware ESXi para o Proxmox VE pode parecer arriscado à primeira vista. Mas se a sua empresa está sentindo o peso do licenciamento ou buscando uma plataforma de virtualização mais flexível e com pegada open source, o Proxmox pode ser exatamente o que você precisa.
Aqui na 4Linux, já realizamos essa migração em diversos cenários — desde ambientes simples até estruturas distribuídas e automatizadas. Neste post, vou compartilhar o caminho que costumamos seguir para migrar ambientes ESXi para o Proxmox VE. E sim, você vai ver o passo a passo, com dicas práticas, ferramentas e o tipo de coisa que geralmente só aparece depois que você já apanhou no processo.
Por que migrar para o Proxmox?
Antes de mais nada: não estamos falando de um “clone barato”. O Proxmox VE é uma solução madura, estável e com uma comunidade ativa.
Trata-se de uma solução open source robusta, com comunidade ativa, excelente performance, suporte a containers (LXC) e máquinas virtuais (KVM), além de uma interface web que realmente funciona.
Mais que isso: ele integra nativamente com ferramentas de backup, replicação, alta disponibilidade, firewall, e pode ser gerenciado via CLI, API REST ou ferramentas como Ansible e Terraform. E o melhor — sem aquele calafrio na hora de renovar licenças.
Ele suporta:
- Virtualização com KVM
- Containers com LXC
- Alta disponibilidade (HA)
- Integração com Ceph
- Snapshots e backups com ZFS
- Interface Web moderna
- API RESTful para automações
Se a sua empresa já está sentindo:
- O peso das renovações de licenças do ESXi;
- A complexidade de manter ambientes mistos com ferramentas pagas e fechadas;
- A necessidade de automatizar e padronizar deploys;
…então vale a pena considerar essa mudança.
Passo a passo para a migração
A seguir, um passo a passo prático e objetivo para migrar seu ambiente VMware ESXi para Proxmox VE, com segurança e controle.
1. Planejamento: onde tudo começa
Antes de instalar qualquer coisa, entenda o seu ambiente atual:
- Quais são as VMs em produção?
- Sistemas operacionais, serviços e volumes?
- Snapshots ativos e configurações de rede?
Checklist adicional:
- Acesso root aos hosts ESXi
- Espaço em disco para exportações
- Janela de manutenção mínima
- Plano de rollback (sempre bom ter)
Como qualquer migração, o processo começa com planejamento. Isso parece óbvio, mas vejo muita gente ansiosa para instalar o Proxmox e começar a copiar disco de VM como se fosse uma troca de pen drive. Não é assim.
O ideal é começar com um inventário claro: quais VMs você tem hoje no ESXi, quais são críticas, quais têm snapshots, como estão os discos, as dependências, a rede, o DNS interno… Só com isso bem desenhado é que dá pra avançar.
Outro ponto importante é o ambiente de destino. O Proxmox vai rodar em bare metal, então é preciso garantir que o hardware está em boas condições, com suporte a virtualização ativado (VT-x, VT-d), discos em RAID (quando aplicável) e conectividade de rede estável.
💡Dica 4Linux: Nossa consultoria pode acelerar esse processo com inventário automatizado e análise de riscos personalizada.
2. Instale o Proxmox VE
Com o planejamento feito, a próxima etapa é a instalação do Proxmox. Aqui, você tem dois caminhos: o tradicional e o automatizado.
Para ambientes pequenos ou testes, você pode instalar manualmente mesmo, baixando a ISO no site oficial e seguindo os passos do instalador. É simples e funciona bem.
Para seguir instalando manualmente, baixe a ISO oficial do Proxmox VE no site do projeto e inicie a instalação.
Agora, se o cenário envolve múltiplos hosts físicos (às vezes distribuídos entre filiais), nós recomendamos automatizar. Na 4Linux, temos um processo que usa ISOs customizadas com preseed e o Rundeck como orquestrador. Assim, conseguimos instalar o Proxmox remotamente via iDRAC, usando a API Redfish dos servidores Dell. Isso permite subir hosts com o Proxmox de forma repetível, padronizada, sem intervenção manual.
A ideia é ter um script que já define IP fixo, senha root, timezone, e faz tudo rodar praticamente sozinho.
💡 Dica técnica: Na 4Linux, usamos ISOs customizadas com configuração automática de hostname, IP fixo e pré-instalação de pacotes.
3. Migrando as VMs do ESXi para o Proxmox VE
A migração das VMs é, sem dúvida, o ponto mais sensível do processo — especialmente quando se trata de ambientes em produção, com baixa tolerância a downtime. Existem diversas abordagens, e a escolha depende muito do tamanho do ambiente, do nível de automação disponível e do quão crítica é cada máquina.
Método tradicional: exportar e converter
O caminho mais conhecido (e mais manual) envolve exportar as VMs diretamente pelo ESXi em formato .vmdk
, converter os discos e subir manualmente no Proxmox. O fluxo seria algo assim:
- Desligar a VM no ESXi
- Exportar o disco
.vmdk
- Transferir o arquivo para o host Proxmox
- Converter com o
qemu-img
:qemu-img convert -f vmdk vm-disco.vmdk -O qcow2 vm-disco.qcow2
- Criar uma nova VM no Proxmox com as mesmas configurações (CPU, memória, disco, MAC address se necessário)
- Substituir o disco da nova VM pelo
.qcow2
convertido:mv vm-disco.qcow2 /var/lib/vz/images/101/vm-101-disk-0.qcow2
- Ajustar permissões, editar o
.conf
da VM se necessário, e iniciar.
Funciona? Sim. Mas é um processo 100% manual, propenso a erro humano e pouco escalável. Para ambientes pequenos, pode ser suficiente — mas para ambientes com dezenas ou centenas de VMs, é inviável.
Abordagem automatizada: backups .vma.zst
+ qmrestore
Nos projetos maiores que entregamos na 4Linux, adotamos uma abordagem muito mais eficiente, usando o formato nativo de backup do Proxmox: .vma.zst
.
Nesse modelo, o processo gira em torno do qmrestore
, que permite restaurar VMs completas com um único comando, mantendo configurações de hardware, disco e rede.
A estrutura é assim:
- Os backups
.vma.zst
ficam armazenados em um servidor web interno (com HTTP simples) - O Rundeck orquestra a automação, executando scripts remotos nos hosts Proxmox recém-instalados
- Um script
deploy_vm.sh
baixa o backup e executa a restauração de forma parametrizada:
#!/bin/bash
VMID=$1
NOME_ARQUIVO=$2
STORAGE=$3
wget http://servidor-interno/backups/$NOME_ARQUIVO -O /tmp/$NOME_ARQUIVO
zstd -d /tmp/$NOME_ARQUIVO
qmrestore /tmp/${NOME_ARQUIVO%.zst} $VMID --storage $STORAGE --unique
Esse processo permite restaurar uma VM com base em um ID único (sem sobrescrever outra), direto no storage correto, com rede funcional imediatamente após o boot.
O melhor? Isso escala. Já usamos esse modelo para restaurar mais de 100 VMs em ambientes distribuídos, com controle de versão, rollback e integração com monitoramento.
Extras que fazem diferença
Durante a restauração, incluímos também pós-scripts que:
- Atualizam hostname e hostnamectl
- Reconfiguram interfaces de rede para adaptar ao novo ambiente
- Ingressam a máquina no domínio corporativo via
realm join
- Instalam automaticamente agentes como o Wazuh ou Graylog Sidecar, com pré-configs
Exemplo de pós-instalação com ingresso no domínio:
realm join dominio.interno --user=admin@DOMINIO
hostnamectl set-hostname vm-nova
systemctl restart sssd
Tudo isso orquestrado via Rundeck, com logs centralizados e fallback caso alguma etapa falhe.
Essa abordagem não só reduz drasticamente o tempo de migração, como também garante consistência entre as VMs, elimina variações manuais e permite repetir o processo em outros ambientes, inclusive para testes e disaster recovery.
Se você está pensando em migrar dezenas de VMs, essa é a forma certa de fazer. E se quiser que isso funcione de forma segura e auditável, com rollback planejado e validação pós-migração, a 4Linux tem toda a stack pronta — do pré ao pós.
4. Pós-migração: o que fazer depois de mover tudo
Terminou de migrar? Ótimo. Mas ainda não acabou — na verdade, é agora que você garante a qualidade da entrega.
Subir as VMs no Proxmox é só o começo. O próximo passo é garantir que cada máquina esteja totalmente funcional, integrada e visível dentro da nova infraestrutura. Isso vai muito além de apenas ligar a VM e ver se o sistema operacional sobe.
Validação pós-migração: o que precisa estar no checklist
Primeiro, ajuste os detalhes de identidade e rede. Atualize o hostname
para refletir o novo padrão de nomenclatura (se aplicável) e use hostnamectl
para garantir consistência entre o kernel, o shell e o systemd.
Depois, valide as configurações de rede:
- IP fixo ou DHCP?
- A gateway padrão está correta?
- DNS está respondendo internamente e externamente?
- O NTP está sincronizando com os servidores corretos?
Se o ambiente usa Active Directory, essa é a hora de re-ingressar a máquina no domínio. Para sistemas Linux, fazemos isso via realmd
, sssd
, krb5
e adcli
.
Se for um ambiente Windows, você pode usar o PowerShell e os comandos integrados para fazer o join e validar a comunicação com o controlador de domínio.
Validação de serviços e desempenho
Agora vem o que a gente chama de “fim do checklist”:
- A aplicação que rodava na VM está funcionando?
- Está se conectando corretamente ao banco de dados?
- Os serviços internos (DNS, LDAP, SMTP, etc.) estão respondendo?
- O consumo de CPU e RAM está dentro do esperado?
Se possível, rode testes de carga com ferramentas como o Apache Bench (ab), wrk ou locust.io, dependendo do tipo de aplicação. A ideia aqui é testar em produção controlada — antes que o usuário final perceba qualquer problema.
E por fim: documente tudo. Logs de restauração, comandos executados, credenciais temporárias usadas, ajustes realizados. Isso não só ajuda em um possível rollback, como também cria uma base confiável para futuras migrações, upgrades ou auditorias.
Migrar é só metade do caminho. O restante é garantir que tudo está funcionando com estabilidade, segurança e rastreabilidade.
Conclusão
Migrar do VMware ESXi para o Proxmox VE é uma decisão que traz liberdade, economia e escalabilidade.
Mas como toda mudança de infraestrutura, requer cuidado e planejamento. Neste guia, mostramos como fazer isso de forma prática. E se você quiser garantir uma transição tranquila, com automação e suporte especializado, entre em contato com a 4Linux. Nossa equipe pode ajudar em todas as etapas — do planejamento ao pós-migração.
🚀 Vamos migrar? Fale com um consultor da 4Linux e descubra como podemos acelerar sua jornada para o Proxmox.
About author
Você pode gostar também
Guia completo: Como instalar e configurar o OCS Inventory
O OCS Inventory é um software de gerência para inventários de dispositivos em rede, com ele é possível registrar todas as características de um computador incluindo: Versão do sistema operacional;
Descubra como o RabbitMQ pode otimizar o processamento de dados em seu sistema web
O RabbitMQ é um software de controle e gerenciamento de filas de mensagens. Ele recebe e armazena mensagens em filas até que alguém solicite essas mensagens. As mensagens podem ser
Garanta Alta Disponibilidade em Projetos com Postfix: Guia Prático
Aprenda nesse artigo adicionar alta disponibilidade em seus projetos com Postfix com a inclusão de relay para encaminhar mensagens para mais de um servidor e garantir a operação Compartilhe este